A doutrina
do pecado é essencial no evangelho. A pregação sobre o pecado é insubstituível
na igreja cristã. A boa nova só existe porque uma realidade terrível está antes
dela. Tente dizer algo contrário a Paulo. Tente mostrar aos apóstolos que
poderíamos maquiar um pouco a situação para atrair mais pessoas. Não iria
funcionar! A doutrina do pecado é explicitamente exposta nas Escrituras para a
glória de Deus. No capítulo 2 de Efésios, ao fazer um resumo do evangelho,
Paulo expõe a condição humana sem rodeios ou truques de linguagem. Ao revelar
nossa total depravação ele aponta para o total poder de Cristo sobre o pecado.
Ele começa dizendo no versículo 1:
“E vos
vivificou, estando vós mortos em vossos delitos e pecados” Efésios 2:1
Nossa
situação é a seguinte, diz Paulo: estamos mortos. Um breve e importante
lembrete aqui. Não devemos atribuir ao pecado gravidade menor do que a da
morte. Frequentemente encontramos púlpitos que tratam o pecado como uma doença
ou desvios de conduta moral. Aliás, costumamos dizer que a igreja é como um
hospital, mas o que um hospital poderia fazer com um morto? Necrotério seria
até mais apropriado, mas nenhum lugar do mundo pode representar o que
verdadeiramente a Igreja é. Nela os mortos sobrenaturalmente ganham vida, e
isto não está ao nosso alcance, é milagre soberano de Deus. Ao dizer que o
pecado é como uma doença e que a igreja é um hospital estamos reduzindo o
evangelho ou Cristo a um simples remédio. Paulo estaria furioso com isso. E
para não deixar dúvidas ele registra 5 dimensões da nossa condição de
pecadores:
as-5-dimensoes-do-pecado
1. O pecado é universal
Ninguém
escapa. Somos todos pecadores. Ao começar o versículo 3 o apóstolo é bem claro:
“Entre os quais TODOS NÓS também antes andávamos”. Antes de falar do pecado é
importante lembrar que essa é uma condição de todos. Geralmente gostamos de
pensar e apontar para outros irmãos, mas o desafio do cristão é olhar ainda mais
para dento de si mesmo e dizer: eu também não escapo. Romanos 3 é bem claro ao
diz que não há um justo sequer. Todos nós precisamos de Cristo.
2. O pecado é uma rebeldia ativa contra Deus
Não estamos
em posição de neutralidade. Não pecamos apenas por não crer ou por recebermos a
culpa de Adão. Somos rebeldes agindo e andando contrariamente a Deus. Somos
seus inimigos. Somos ativistas do pecado. O versículo 2 estampa nossa culpa ao
dizer: “Em que noutro tempo ANDASTES segundo o curso deste mundo”. Não somos
passivos como a ilustração da doença ensina. Não estamos num leito contra a
nossa vontade, estamos andando e agindo em pecado contra o Senhor.
Há pecado
até na nossa santidade, há incredulidade na nossa fé, há ódio no nosso próprio
amor, há lama da serpente na mais bela flor do nosso jardim. (C. H. Spurgeon)
3. O pecador
está sujeito à ordem do pecado e ao diabo
É preciso
pensar na seriedade das palavras de Paulo no versículo 2: “Segundo o curso
deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar”. Quem rege o coral dos
pecadores é o diabo. Não estamos a mercê apenas de nossos próprios pecados, mas
o domínio e a influência malignas não reais. A rebeldia contra Deus não é um
grito de independência, é colocar os punhos dentro das algemas do diabo e da
morte. Precisamos estar conscientes de que, ao evangelizar, nossa luta não é
apenas contra pessoas, mas a batalha envolve o inferno, e só Cristo vencer
sobre ele!
4. O pecado
nos deixa incapazes de fazer a real vontade de Deus
Acredite,
nenhum não regenerado está realmente fazendo a vontade de Deus. Vejamos o
versículo 3: “Andávamos nos desejos da nossa CARNE, fazendo a vontade da CARNE
e dos PENSAMENTOS”. Pecadores andam pelo desejo da carne, fazendo a vontade
dela e dos pensamentos pecaminosos. Nada pode ser feito para o Senhor se Cristo
não tiver triunfado sobre o pecado em nossas vidas. Até nos melhores obras,
quando feitas sob o domínio do pecado, não estão glorificando a Deus, e,
portanto, fora da sua vontade. Você poderia ser a melhor pessoa do mundo, mas
sem Cristo, isso apenas significaria que você é o “menos pior” dos pecadores.
Tudo que é feito sem fé é pecado (Rm 14;23).
5. O pecador
é merecedor da justa ira de Deus
Eis a mais
grave das dimensões do pecado. Aquela que deveria nos aterrorizar. Geralmente a
ilustração da doença trata o homem como o coitado que está debaixo do amor de
Deus e precisa apenas aceitá-lo para ser curado. A descrição de Paulo passa
longe. Essa é a descrição mais dura que encontro nas Escrituras sobre o
pecador. No versículo 3 ele diz: “éramos por natureza FILHOS DA IRA”. Na sua
primeira carta João diz que pertencemos ao diabo, mas a gravidade de sermos
filhos da ira é ainda maior. Deus é o juiz supremo. Ele decide o que fazer com
a humanidade. É ele a quem devemos temer. Ser filho da sua ira é a descrição
mais terrível que Paulo poderia usar. É disso que devemos lembrar.
Cristo nos
salvou dessas dimensões. Foram dessas condições que fomos libertos. Vemos o
quão poderoso nosso salvador é quando vemos a profundidade da lama que ele nos
tirou. O versículo 4 começa com uma conjunção de adversidade, estamos debaixo
dessas dimensões, “MAS DEUS”, agiu em nosso favor. Mortos não podem pronunciar
conjunções de adversidade contra a própria morte. A obra de salvação contra o
pecado e a morte é total e soberanamente de Deus.
John Newton,
autor de Amazing Grace, já no final de sua vida disse:
Minha
memória já quase se foi, mas eu recordo duas coisas: que eu sou um grande
pecador, e que Cristo é meu grande salvador!
Que
jamais esqueçamos de onde fomos tirados.
Onde abundou o pecado superabundou a graça (Rm 5:20)!
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